Influências I

    Em Influências, escreverei sobre escritores que, com certeza, contribuíram para que eu almejasse ser escritor, além de, é claro, me terem feito um feliz leitor.
 

Marion Zimmer Bradley

   Começo com uma das escritoras mais admiráveis, responsável por dezenas de livros que embalaram minha existência neste mundo, ao me conduzir a outros. Seu nome é Marion Zimmer Bradley. Talvez algumas pessoas não lembrem seu nome, mas é difícil achar quem nunca tenha ouvido falar de As Brumas de Avalon, acredito. Mesmo quem nunca tenha lidos os livros que compõe esta obra. Como eu. Por alguma razão, nunca consegui lê-los. Nunca os tive em mãos.
    


    O primeiro livro de Marion Zimmer que li se chamava A queda de Atlândida - livro I - A teia de luz. Fiquei fascinado. Para mim ela só podia estar enxergando através do tempo. Busquei mais livros dela e me deparei com uma coleção ampla, chamada Darkover, que relata uma possibilidade de futuro, num planeta distante, onde a humanidade, com sua tecnologia, precisa interagir com seres dotados de capacidades extraordinárias. Li quase todos o livros desta vasta coleção. O primeiro deles foi A espada encantada.


    Marion Zimmer não escreveu, porém, apenas sobre o passado ou sobre o futuro da humanidade. Ela deu um novo tom para a nossa época atual, nos maravilhosos livros Ghostlight, Witchlight, Gravelight e Heartlight.


    Marion Zimmer nasceu em 1930, nos estados Unidos, e morreu aos 69 anos, em 1999. Ela morreu aos 69 anos, mas, não com 69 anos. Me recuso a acreditar. Além de ter vivido tudo o que viveu, neste mundo, lutando pelas lésbicas, casando-se por duas vezes, criando seus filhos e tudo o mais; ela viveu além do tempo, séculos e mais séculos. Visitou o passado, esmiuçou o presente e vislumbrou um futuro absolutamente fantástico e, nem por isso, inacreditável. E nos presenteou com toda esta visão.
    Fica aqui minha humilde homenagem a esta escritora que nunca soube, ou saberá, o quanto sou grato por seu trabalho.

    Lembro-me de estar à beira de enlouquecer, em meu serviço, entristecido com minha rotina massante, cheio de dúvidas e medos, querendo ser mais do que eu era e, de repente, ler um livro sobre alguém que empunhava uma espada encantada e que, mesmo assim, tinha dúvidas e medos.
    
   Sei que parece dramático, mas, Marion Zimmer contribuiu para minha libertação. Não uma libertação do sistema. Uma libertação da minha mente. Uma vez a mente livre, não importa onde você está. Toda vivência é válida. Tudo é uma aventura. Algumas mais gratificantes, outras menos. Tudo depende do quanto nos arriscamos. Talvez isso seja algo que nunca mudará. Independente do tempo. Uma de suas personagens disse uma vez:

    “Parece existir uma profunda transformação na visão que os homens hoje possuem do mundo, como se uma única verdade pudesse negar outra, como se, uma vez, não sendo a verdade de uns, a outra se tornasse uma mentira.” 

    Em qual época isso não se aplica? Ao meu ver em nenhuma. Mudamos de roupas. Trocamos de armas e equipamentos, mas somos aventureiros, nos relacionando com outros, dentro de um mundo de regras limitadas e egoístas. O respeito é uma lenda. Cada qual tem sua verdade como absoluta e vão lutar por ela, de uma forma ou de outra, numa intensidade ou outra. Dependendo do que realmente queremos para nós mesmos. E com isso as histórias são contatas.   
    A eterna aventura. Quanto maior o risco, menor a probabilidade de sucesso. Quanto menor a probabilidade de sucesso, maior a glória... e por aí vai.
     Graças a Marion Zimmer, e outros, me arrisquei a escrever. Se a nossa existência é uma vida de várias aventuras; escrever é, ao meu ver, uma aventura de várias vidas. É o que quero para mim.

William Morais

Um comentário:

  1. Grato pela indicação e pelos pensamentos, Willian. Corroboro muito do que você levantou: escrever é ser fora de si sem deixar de ser-se, é ser muitos e ser um só, criar verdades múltiplas a partir da sua própria, ou mesmo negar sua verdade em prol das suas criações, que não deixam de ser também sua verdade... melhor, escrever é nunca dar forma fixa e exclusiva a verdade alguma e assumir o quão mutantes as realidades da vida podem se mostrar nas infinitas possibilidades de sua própria fantasia.

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