Variadas II
Sou fã de muitas séries, desenhos, revistas em quadrinhos, filmes, etc... É bastante justo, portanto, citar estas influências não literárias.
Alternarei, por esta razão, artigos sobre desenhos animados, quadrinhos, séries e filmes, com os artigos sobre livros que apreciei nesta minha vida.
No artigo de hoje, em especial, citarei uma criação que nasceu nos quadrinhos, teve versões em desenhos animados, alcançou os filmes e até mesmo uma série. Estes inusitados heróis fizeram parte de minha infância, adolescência e sobreviveram para alcançar a fase adulta.
As tartarugas ninjas
Um quarteto adolescente e mutante que emplacou por misturar elementos destoantes. Uma verdadeira pizza de chocolate com anchovas. Os protagonistas são tartarugas e são ninjas! - algo muito pouco provável, mas, com temperos que criaram a harmonia do prato, o sucesso aconteceu.
Amparado por vários elementos retirados dos sucessos da época, como o Demolidor (que ficou cego, mas, com super outros sentidos, graças à exposição de material tóxico), além do universo que cercava este herói, principalmente pela existência da Elektra, uma ninja perita na utilização de sais.
Elektra
Demolidor e o clã Tentáculo
A referência maior, porém, na concepção das tartarugas ninjas, foi certamente, Cerebus, o porco-do-mato de Dave Sim.
Cerebus vs Conan?
Cerebus foi uma influência forte para as tartarugas, mas, é pouco conhecido no Brasil, porém, pelo fato de Dave Sim jamais ter licenciado nenhum produto e sequer permitido traduções de suas obras. Dave é considerado entre os amantes de quadrinhos como um gênio e/ou louco. O que começou de forma descompromissada, como uma atividade terapêutica, se desdobrou numa fantástica trama política envolvente, repleta de conspirações. Mas, da metade da obra pra lá, Cerebus descambou, pelo que dizem, para um reflexo da vida problemática do autor que discorria exaustivamente sobre uma teoria misógina, onde o potencial criativo e espontâneo masculino era sufocado pelo feminismo, que trabalhava arduamente para dominar a natureza masculina. Sim teve sim muitos problemas com isso. Mas, concluiu sua obra, sem arredar pé de sua visão polêmica. Bem, se me permitem a piada, se Cerebus já era um porco, terminou como um chauvinista. Não; a expressão porco chauvinista não nasceu aí. Foi imortalizada pelo movimento de emancipação da mulher na década de 70, bem antes de Dave criar seu personagem porco e muito antes de sua mente se enveredar pela paranoia que comprometeu seu trabalho. O chauvinismo é uma expressão que denota extrema perseguição a um grupo, seja por raça, cor, sexo, religião, graças a um soldado de sobrenome Chauvin que levou seu patriotismo tão a sério que cometeu alguns exageros. A coincidência da escolha do personagem de Dave foi pura ironia do destino.
Voltando às tartarugas; muito antes de Dave Sim se encrencar, a dupla de amigos, Kevin Eastman e Peter Laird, com os ingredientes em mãos - e ainda inspirados no canadense Dave, que produzia e distribuía seus quadrinhos de forma totalmente independente -, produziu toda a primeira tiragem de exemplares de tartarugas ninjas mutantes adolescentes e, pelo que me lembro, foram vender em frente a uma convenção de quadrinhos, ou algo do tipo. venderam tudo e as tiragens seguintes cresceram de forma exponencial.
Por mais inacreditável que fosse, tartarugas adolescentes mutantes ninjas, vivendo nos esgotos e sendo treinadas por um mestre rato, parece que a dupla de criadores encontrou formas alternativas de fazer com que o público relevasse tudo isso. A mais evidente foi fazer citações, através dos personagens, sobre a vida real. As tartarugas, por exemplo, comparavam o que viam, em Nova York, com as séries da época, como esquadrão classe A e outros. Desta forma, os personagens dialogavam com os leitores, sobre um mundo em comum. "As tartarugas assistem Miami Vice? Que legal, eu também!" - podia ser um pensamento recorrente dos leitores. Hoje em dia isso não significa muito, mas, na época, era inovação. Foi uma ousadia que deu certo e hoje parece besta, mas, foi uma extrapolação que se compara ao que Bertold Brecht fez no teatro, ao derrubar a quarta parede e dialogar com o público. Esse tempero de Kevin e Peter foi vital.
A dupla de criadores colocaram a mão na massa com coragem e foram aperfeiçoando a pizza no decorrer das décadas. As personalidades cativantes dos protagonistas, por exemplo, foram se firmando aos poucos, à medida que o amadorismo amadurecia para se tornar um sucesso de verdade.
Os protagonistas
Raphael é o mais forte e o mais nervoso. E neste momento sou obrigado a ver as lâminas dos sais, constantemente entre os dedos dele, como as garras do Wolverine. Raphael é o que contesta ordens do líder do grupo e age sozinho, por diversas vezes. O Líder, em questão, é o Leonardo, que é muito mais técnico e tenta equilibrar força com sabedoria, para manter o grupo unido. Donatelo é o nerd, o geek, fascinado por tecnologia. Michaelangelo é o brincalhão, a eterna criança.
Nos quadrinhos
Embora fossem desenhados de forma praticamente idêntica, cada um trazia uma arma e personalidade específica.
Fazendo
referência aos artistas da Renascença, através dos nomes dos personagens, os
criadores reforçaram o contraste almejado, ao usarem traços sujos e pesados
para compor cenas com alto teor de violência.
Nos desenhos
Ainda nos anos 80, surgiu o primeiro desenho animado, onde a violência foi amenizada e cores diferentes foram dadas para as máscaras, assim como para as joelheiras e cotoveleiras, além de cada um ter a inicial do nome no cinto, para facilitar a visualização das crianças.
Muitos personagens foram adicionados ou reformulados.
Existiu, ainda, uma versão japonesa. Acreditem. Onde havia um troço de super-mutação, bem no estilo japa. Quem tiver coragem que assista a um trecho/abertura clicando aqui.
Eita vergonha
Mais tarde ganhariam uma segunda versão de desenho onde algumas levadas da obra original foram trazidas de volta, mas, não foi tão bem aceita quanto a primeira versão.
Uma nova animação está sendo exibida atualmente, em mais uma releitura. Esta, em verdade, captou muito bem a personalidade dos protagonistas cativando tanto o público infanto juvenil, quanto os fãs adultos, graças a uma produção decente, através da nickelodeon.
No cinema
Três filmes em live action foram produzidos e me lembro bem de ter assistido a todos no cinema, por diversas vezes, pois, naquela época, só existia cinema fora de shopping e ninguém te mandava sair de uma sessão para outra. Passava a tarde toda vendo o mesmo filme. Eu era uma criança pequena que entrava no ônibus e ia para o centro da cidade sozinha, para desespero da minha mãe. Mas sempre voltei inteiro... e empolgado. Eu adorava histórias fantásticas.
Os três primeiros filmes das tartarugas ninjas contaram com a engenhosidade de jim Henson, criador dos bonecos de Vila Sésamo, os Muppets, dentre outros. Em verdade jim, faleceu no ano em que o primeiro longa foi lançado e seu filho, Brian, deu continuidade ao trabalho do pai, não apenas nos filme seguintes, como, pela experiência adquirida através do primeiro longa, continuou a idéia do pai para um seriado que se tornou um enorme sucesso desenvolvido pela jim Henson Productions em parceria com a disney, e que se chamava a família dinossauro. Provavelmente por isso havia uma homenagem sutil na série dos dinossauros às tartarugas ninjas, em posters colados no quarto de Bob, que era fã dos homens da cavernas ninjas mutantes. A logo é quase a mesma. Notem:
Mais tarde, já no século XXI, em 2007, lançaram um filme animado. O resultado foi interessante.
Embora não o suficiente. Não para levar o público ao cinema, pelo menos. Embora tenha explorado as personalidades de cada um deles. Confiram uma cena de ação e diálogo entre Leonardo e Raphael, um dos pontos altos do filme.
O esforço da animação ao menos mostrou que ainda havia interesse no universo das tartarugas e, assim sendo, decidiram fazer mais um filme em live action, embora com toda a tecnologia de captura de movimentos do CGI. Tal filme será lançado no ano que vem, creio, e há receio por todo lado, por vários motivos. Da atriz escolhida para interpretar a April, amiga repórter das tartarugas, ao produtor do filme, Michael Bay, responsável pela direção dos três longas dos transformers que... nem vou comentar...
A série?
Bem. Foi um troço em live action desastroso. Tentaram colocar uma tartaruga fêmea chamada Vênus.
E inimigos bem no estilo Power Ranges... espere... então dá pra imaginar este encontro? Não precisa, aconteceu e durou dois episódios:
É... Santa Tartaruga...
Jogos
O quarteto cativou, também, em formato de jogos, entre os quais se destaca uma versão de Arcade que se tornou clássico:
E, aproveitando o "novo" sucesso, graças à nova série da Nickelodeon, já está para ser lançado uma versão nova de jogo que promete ser muito bem feita. Confiram as imagens do Raphael e do Michaelangelo, muito detalhadas:
Não
posso negar ser fã, talvez por nostalgia, destes personagens. Quantas vezes fui
para o monte perto da minha casa fazendo de conta ser uma tartaruga ninja para
enfrentar um exército de ninjas? Muitas vezes. E minhas aventuras precisavam de
razão para ser, por isso, ali havia um exercício de imaginação. Como eu era
apenas um, e meus primos quase nunca trocavam o futebol, que nunca me cativou,
por aventura de artes marciais, cada vez eu era um dos quatro protagonistas e,
por isso, precisava trabalhar em razões diferentes para justificar a ausência
dos outros. No geral eles tinham sido capturados e a tartaruga do dia os
salvava. Parte boa disso foi que acabei treinando com as quatro armas e hoje
saber usar um bastão, nunchakus, sais, espadas, além do corpo, ajudam e
muito.
A homenagem em minha obra está no livro Dáverus, ainda que de forma
sutil. Mas, está lá. Em cada uma das quatro estações, Irelay aprende uma
essência da natureza de si mesmo e, para isso, aprende a dominar uma arma. Quase todas estão lá, pois na primeira estação eu o queria de mãos livres, por isso o sai saiu.
Como artista plástico, concebi minha própria versão, totalmente articulada, ideal para filmagem em stop-motion.
Quem quiser conhecer, fica aí uma prévia.
Para conferir mais fotos, acesse o perfil do facebook.
Quem quiser conhecer, fica aí uma prévia.
Para conferir mais fotos, acesse o perfil do facebook.
E, para terminar, no espírito de Michaelangelo, deixo imagens de um
movimento que nasceu não se sabe com quem. Um artista virtual, e anônimo, que por
algum motivo não quis se identificar. Talvez por ter lançado uma idéia que
gerou seguidores, como perceberão, e invadiu as ruas, como também perceberão,
quebrando, feito um golpe certeiro de ninjutsu, toda a estética proposta pelas
grandes empresas de produtos. Selecionei apenas algumas. Mas são muitas.
Virtualmente na cara dos
famosos:
Com seguidores que adeririam ao movimento:
Para conhecer mais sobre as obras do Novo Tempo e sobre mim, que as escrevo, explore o índice de publicações. Hasta!
Para quem quiser ver debaixo da pele dos bonecos das família dinossauros: clique aqui.
William Morais
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